O céu estava claro e azul, as nuvens rarefeitas formavam um véu que envolvia as montanhas. A vista de longe me dava vontade de mergulhar na imensidão azul logo abaixo de mim e nadar até lá.
Eu
estava sentado na terceira fileira no banco do meio do avião, ao lado de um senhor que
tinha uma cara púrpura e, bem do outro lado, uma garota de cabelos loiros e
encaracolados que desciam até um pouco abaixo do seu ombro. Seus olhos eram de
um tom azul elétrico. Poderia olhar para ela o tempo que fosse. Mas uma
tremedeira estranha chegou ao meu assento. Não sabia se era apenas a minha
impressão. Olhei para os lados e todos os passageiros estavam com expressões
confusas e de preocupação nos rostos.
E
então, de repente, o avião deu um solavanco para o lado, como se o piloto
estivesse tentando se desviar de uma montanha que não tinha percebido. O senhor
que estava sentado a minha direita, tombou e gemeu. Ajudei-o a levantar, mas,
no mesmo instante, me arrependi de tê-lo feito. O teto do avião começou a
ranger e uma placa metálica se soltou, atingindo o velho bem no ombro. Fiquei
paralisado, não sabia o que fazer. Uma mancha vermelha se alongou até o seu
antebraço e parte do seu abdômen e não daria para socorrê-lo. O avião despencou
no mar. Cerca de quatro passageiros juntos abriram a porta da aeronave enquanto
ela boiava e deu tempo para que a metade dos outros saíssem. Eu não era um
deles. Quando me dei conta estava submerso em água e senti uma mão me tirando
do avião, mas em vez de levar-me para a superfície, levou-me para o fundo. Era
uma mão suave, tão suave que me deixei levar. Olhei para baixo e vi uma longa
cabeleira loira que brilhava na escuridão e iluminava o corpo de uma garota
nua, mas estava errado, ela tinha uma longa cauda em tons de rosa e roxo. E a
ultima coisa que ouvi foi uma linda música que me fez adormecer.
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