A vista do alto das montanhas era devastadora, via-se todo o campo de guerra. A brisa suave vindo do norte acalmava o espírito da imperatriz. Ela orava aos deuses para que a guerra acabasse logo. Ao longe ela podia ouvir os gritos de desespero sendo arrastados pelo vento. Toda a sua vida estava na guerra. Seu pai, seu irmão e ele. Ele que ela não conseguia esquecer. Sentia como se todo o seu mundo estivesse sendo pendurado pela ponta. E quem estava segurando eram os gregos. Quem iria dizer se aquele mundo iria cair, ou apenas se erguer eram eles. Os gregos estavam levando o seu amado. 

O sol finalmente estava se pondo. E, como em toda noite, eles iriam ter uma trégua. 

Sobre a luz da lua, a última flor da árvore caiu na superfície do lago. A imperatriz Wu estava admirando a linda carpa que, nadando sob o manto transparente, encantava os olhos de quem a observava. Seus olhos cor de esmeralda e sua pele que mais pareciam vários pedaços minúsculos de carvão envolviam a soberana da china com toda a magia que o peixe espalhava.

  E, de repente, a imperatriz não sentiu mais a brisa. Ouviu apenas um barulho atrás de si e percebeu que o local havia ficado mais claro. Virou-se e, bem na sua frente, viu uma espécie de portal feito totalmente de pétalas brancas da árvore ao seu lado. Ela não sabia o que deveria fazer. Ficou apenas olhando aquele redemoinho, mas a carpa - a sua carpa - começou a nadar para fora d'água. E, antes que ela percebesse, o seu peixe havia entrado na confusão de flores. Mas, o que surpreendeu a imperatriz foi a visão de um dragão saindo de lá. Um dragão que ela reconheceu. Ela tinha certeza que era a sua carpa. O mesmo dragão que ela poderia chamar de seu. O dragão que nasceu banhado pela lua e abençoado pelos espíritos das árvores.

Alguns dizem que ela enlouqueceu, pois ela soube a verdade sobre o mundo. Mas, antes de morrer, ela conseguiu dar um nome aquilo que vira: Longmen.