As ondas castigavam o casco do navio. O céu que antes era negro, agora estava emerso em nuvens. Relâmpagos e raios irrompiam a imensa superfície sem estrelas. Os tripulantes entravam em desespero, enquanto seus amigos eram jogados no mar pela força com que o navio se inclinava. Um deles em especial, Carlos Gafanhoto, fora jogado longe.
Ele subiu em uma das partes despedaçadas do casco. Sua respiração era ofegante, enquanto a duvida chicoteava-lhe os pensamentos. Iria morrer? O tempo passou muito rápido. Ele já não via o que sobrara do navio, enquanto o sol nascia ao longe. Estava exausto. Deixou-se deitar na superfície de madeira, que um dia navegou meio mundo em busca de especiarias.
Gafanhoto acordou com o sol do meio-dia açoitando-lhe o rosto. Não mais sentia as ondas sob si. Percebeu, então, que estava em uma ilha. Encarou desesperadamente os lados, lembrando-se de pesadelos que haviam lhe perturbado a noite. Um gigantesco penhasco nebuloso onde acabava o mundo, sugava-o. Ele não havia chegado lá. Era um naufrago.
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